segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

QUEBREI O DEDINHO

             Minha primeira postagem desse ano poderia ter vindo antes, com reflexões mais profundas e sensação de esperança. Mas, vendo que a pandemia atingiu a segunda onda de uma forma ainda mais devastadora e o tanto que as pessoas não estão nem aí pra isso, indo pra baladas, festas, praias lotadas, só me faz ficar ainda mais desanimada. O fato da vacina ter sido disponibilizada beeeem lentamente não dá nem pra animar, ainda mais no meio da disputa política envolvida. Enfim, decidi reaparecer quando acontecesse algo que fosse bom.

E foi aí que quebrei meu dedo...rs. Calma, tem um lado bom nisso.

Eu sempre fui uma criança muito moleca: bagunceira, briguenta e agitada, vivia ralada e sempre ralava alguém, mas, inacreditavelmente, nunca havia quebrado um osso. O mais próximo que cheguei disso foi deslocando o dedo da mão por querer andar de bicicleta sem segurar no guidão. Foi um episódio bem curioso, e meu pai foi quem me acompanhou nessa jornada inesquecível, o médico me distraiu e colocou o dedo no lugar sem anestesia. Me lembro da sensação até hoje.

E foi aí que há dois dias, de uma forma nada radical, eu quebrei o bendito dedinho do pé, aquele que vive sendo maltratado no pé da cama, do sofá, etc. Mas dessa vez ele não saiu ileso: estava cozinhando e fui na dispensa levar alguma coisa de volta que errei o cálculo pra entrar. Resultado: acertei a quina da parede com toda força, ouvi um "crec" e já tive a certeza que tinha dado algo bem errado. A dor foi surreal, a vista chegou a escurecer. Eu fiquei com vontade de sair correndo arrancando os cabelos, mas ver a sua reação me fez engolir o choro e segurar a onda.             

E aí que vem a “parte boa” disso: a sua reação. Ver a preocupação no seu olhar, você tentando me acalmar, me pegando pela mão para me “ajudar” a ir pro sofá. Ficou sem saber o que fazer, trouxe água, fez carinho, até uma maçã trouxe kkk

Quando vi que não havia sido somente uma pancada – meu dedo ficou torto – rapidamente começamos a nos preparar para ir para o hospital. Você nunca se arrumou tão rápido, eu ainda estava pegando todas as tralhas para sair quando olhei na janela e vi que você estava na cadeirinha do carro, até com o cinto colocado. Em dias normais você jamais seria a primeira a entrar, costuma demorar uma eternidade. O tempo todo me perguntando se eu estava bem, se estava doendo. A fofura atingiu o ápice quando você, no caminho, me falou “mãe, olha como a vida é linda, o dia é lindo”. Senti um amor tão grande naquelas palavras, como se dissesse para que eu não prestasse atenção na dor que estava sentindo, que o mundo e a vida continuavam lindos. Seu olharzinho preocupado no hospital, sempre perguntando se eu estava bem, ficando do meu lado, foi tão revigorante! Mesmo doendo pra caramba, a anestesia, a recolocação do osso no lugar, eu só conseguir sentir alegria.

Eu espero que você continue assim, sempre pronta pra cuidar de mim, já que uma hora os papéis vão se inverter, né? Me senti acolhida por você, tão pequenininha, se comportando como minha mamãe, querendo me dar colo.

Eu infelizmente não pude “dar colo” para meus pais quando eles mais precisaram de mim. Porém, estava distante, mas meu coração estava lá com eles. Não sei o que o futuro nos reserva, não sei se vai estar fisicamente perto de mim quando eu precisar, mas só de ter a sua preocupação e cuidado, mesmo que distante, já me dá força pra superar.

Obrigada, filha, por me trazer felicidade até mesmo em um momento de dor intensa.


*a pequena lembrança

FALANDO DE SENTIMENTOS

       Desde que passou o seu último aniversário no dia 14/04, senti que você andava meio relutante em ir para a escola: reclamando de acord...