segunda-feira, 31 de agosto de 2020

TEMPERAMENTO

Depois que você nasceu, nunca o ditado “o fruto não cai longe do pé” fez tanto sentido para mim.

Nós somos MUITO parecidas, e não só fisicamente, mas principalmente no temperamento.

Sua Dinda sempre me falou, e bem me recordo de muitos episódios, do tanto que era dramática, medrosa, teimosa e mandona. Eu sempre gostei de criar mil fantasias da minha cabeça de que era injustiçada e, num simples “não” dos meus pais eu já estava começando a colocar minhas roupas na mala para “fugir e nunca mais voltar” – ainda bem que meus planos nunca passaram do primeiro cabide, já que dava preguiça só de saber que teria que arrumar tudo de novo. Já levei uma boa surra por ter escrito uma carta extremamente malcriada para meus pais, dizendo que não os amava, etc... Tudo drama, claro. Jamais poderia me imaginar em outra família. Também morria de medo de tudo: formiga, escuro, trovão, até o risquinho – que eu mesma fiz – no berço se tornava o tormento das minhas noites. Sobre ser mandona, talvez por sempre ter sido a mais avantajada de todas as amigas, acabava obrigando-as a fazer tudo o que eu queria: decidia qual a brincadeira, quais as regras e até que era pra brincar de escolinha nas férias. Misteriosamente, ao contrario do esperado, sempre tive muitos amigos, que atormentavam minha mãe me chamando a cada 5 minutos para brincar.

Mas você, minha filha... parece ter herdado tudo isso e elevou à décima potência, porque seu temperamento não é moleza não. Ainda pra ajudar você ainda é ARIANA. Já pode imaginar o que deu, né?

De todos os que eu falei que tinha, você leva muito a sério o de ser mandona: não pode ser contrariada, sempre tem que liderar as brincadeiras, quer ganhar tudo no grito. Você nunca faz o que não quer, parece sempre precisar ser convencida: é a rainha dos argumentos. Eu tenho momentos que simplesmente não sei o que fazer, já apelei para os métodos mais floridos possíveis até os mais rigorosos e simplesmente não existe uma receita milagrosa. As vezes uma simples conversa funciona, em outras só dando uns tapas mesmo.

Então não me venham falar de falta de educação porque sou capaz de dar um soco na cara de quem vier me falar isso kkkk. Tudo o que eu e seu pai mais fazemos é dar o nosso melhor para te educar, mas desviar a personalidade de alguém é quase como ficar sempre podando uma árvore milhões de vezes até ela desistir de crescer. É uma missão cansativa, e que por muitas vezes dá vontade de entregar na mão de Deus e sair correndo, mas aí acho que Ele não iria gostar nem um pouco da nossa atitude.

Eu creio que, com o tempo – e muita conversa, você vai se manter uma líder nata e quero muito que use isso para o bem, para coisas boas. Mas também quero que seja respeitosa e empática com as pessoas. Eu demorei muito tempo e ainda preciso me policiar para não ser áspera e insensível, mesmo não sendo de propósito. Então, porque exigir tanto de uma criança de 5 anos se é fato que vamos nos moldando até os últimos dias das nossas vidas?

Da nossa parte nós nos mantemos firmes, te corrigindo sempre, te mostrando o caminho do bem e pedindo a Deus para que estejamos fazendo a coisa certa.

Mas uma coisa é certa:  Dna. Cely deve dar muitas risadas ao te ver fazendo arte e sendo teimosa a ponto de quase querer arrancar os cabelos. Com certeza deve se lembrar de quando ela ainda tinha a sua Lelinha pra dizer: “você vai me deixar louuuuca”. Volto a dizer que foi uma heroína por ter conseguido educar e amar 3 filhos do jeito que ela fez. Não faz idéia de quantas vezes já me peguei pedindo uma luz dela num momento desafiador seu.

Se bem que, falando assim, até parece que você só tem defeitos, né? Pelo contrário, eu vejo muito mais qualidades em você do que qualquer outra coisa: Você é muito verdadeira, por isso, quando gosta de alguém é muito genuíno, você se entrega e é só sentimento e carinho. E quando você solta um “Eu te amo, mamãe” assim, do nada, me deixa até com as pernas bambas de tanto amor. Suas piscadinhas e beijinhos jogados de longe, seus abraços que, de tão apertados, chegam a estalar enquanto você grita: “Eu vou te comeeeer”. Seus dentinhos cerrados me dizendo “minha fofiiiiinhaaa”. Você com certeza é a carga rápida da minha bateria: um sorriso seu, uma palavra engraçada, uma observação inteligente, uma gargalhada debochada com certeza me garantem dias de energia para continuar, continuar e continuar e cada vez te amar mais.

Por isso digo e repito: NÃO MUDARIA ABSOLUTAMENTE NADA EM VOCÊ. Você foi feita para nós na medida certa, nem mais, nem menos.

              A que faz a mamãe Heloisa pirar

           
                         A que fez a Dna Cely pirar

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ANO 2

Esse foi um ano com diversas mudanças, algumas boas e outras nem tanto, mas sempre rendem histórias e lembranças.
         Você deixou de mamar com 1 ano e 9 meses, na verdade eu não aguentava mais. Suas noites de sono eram muito conturbadas, você queria mamar a noite toda. Eu já estava enlouquecendo por não saber mais o que era uma noite de sono decente. Me recordo que o seu vovô Zé estava aqui em casa passando uns dias e foi quando me deu a louca: passei um líquido vermelho – nem lembro o que - no seio e coloquei um curativo. Falei pra você que estava dodói e fazia um teatrinho quando você tocava nele. Foi coisa de um dia somente, acho que também já era a sua hora. Não houveram choros descontrolados, não houve tristeza da minha parte. Só alegria em termos conseguido tanto tempo juntas nessa troca que jamais esquecerei. E acabou de um jeito leve, como eu sempre imaginei. E eu finalmente passei a dormir melhor, isso me fez um bem enorme também!
    O primeiro ano com a Tia Erica foi bem tranquilo, apesar o desafio de te fazer comer. Ela sempre se esforçou muito e nossa comunicação era constante: uma troca de ideias mirabolantes e teorias que na prática não deram muito certo, até entendermos que se trata da sua individualidade, do seu jeito. A sua saúde nunca foi prejudicada por isso, seus exames sempre bons. Sempre foi complicado comer “comida”, mas ainda bem que você sempre aceitou bem frutas. Suas infecções de garganta eram cada vez mais frequentes, por tantas vezes eu cogitei de te operar, mas o seu pediatra sabiamente dizia: “calma que vai passar”. Tomou diversos medicamentos para ajudar a aumentar a sua imunidade, às vezes funcionava, às vezes não. O problema é que a sua amígdala é grande e ondulada, o que facilita para ter essas infecções.
    Infelizmente, chegou um momento em que a situação financeira deu uma apertada e por sorte conseguimos uma vaga em uma creche da Prefeitura, então tomamos a decisão de te colocar lá. Tivemos excelentes referências e foi de uma forma segura. No começo sua adaptação foi complicada, você sempre dizia que sentia falta da Tia Erica, apesar de continuar vendo-a todos os sábados. Mas, com o tempo, você foi se acostumando, até sua alimentação melhorou – talvez influenciada por outras crianças. Só que o prédio dessa unidade precisou ser entregue e vocês foram transferidos para uma unidade provisória bem improvisada que começou a dar problemas, até mesmo com a higiene. Aquilo começou a me deixar extremamente incomodada. Você estava nessa creche desde a metade de 2017 e tomamos a decisão de tirar você de lá exatamente um ano depois, quando a nossa situação já estava um pouco melhor e finalmente encontramos a escolinha que você está até hoje, e, se Deus quiser, por muito tempo.
    Nesse mesmo período nós começamos a notar em você um comportamento bastante preocupante: medo exagerado de barulho, principalmente balões. Chegamos a sair de festas – algumas nem conseguimos entrar – por conta do seu desespero. Seu pediatra também achou estranho e recomendou uma psicóloga, que, foi a melhor coisa que fizemos. Ela é uma pessoa muito querida e competente. Você passou por consultas com ela durante pouco mais de um ano, mas rapidamente seu medo foi diminuindo.
Nas férias desse ano nós fomos novamente para SP de carro, é uma forma que aproveitamos mais, passeamos mais e conseguimos ver mais pessoas da família. E foi nessa oportunidade que você finalmente pode conhecer o mar. Fomos com a sua tia Rosana para Praia Grande e com certeza esse foi mais um dos momentos que sempre estarão gravados na minha memória.
    Nessa fase você era alucinada pelo Show da Luna: músicas, brinquedos, tudo tinha que ser desses personagens tão queridos que, admito, até eu curtia assistir. Foi quando cortamos o seu cabelo bem curtinho e você ficou ainda mais parecida com um Playmobil, como sua Dinda gosta de te chamar. Sempre gostamos de te dar livros, e foi por aí que você começou a ler do seu jeito, inventando histórias, uma mais engraçada que a outra. E o tanto que tagarelava? Deixava a gente até tonto com tanto assunto, com tanta descoberta, mas era lindo demais ver o quanto você estava crescendo e se tornando a pessoinha que é hoje.

                         *Playmobil mais lindo da mamãe

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

FAMÍLIA MACEDO

                 Eu gostaria mesmo de poder conviver mais com sua família por parte de pai.

               Todos eles estão concentrados em São Paulo – capital, e sempre que viajamos de férias é um malabarismo pra conseguir ver todo mundo, já que meus irmãos moram a pelo menos 100 km de distância deles, um em Jacareí e outro em Santo André.

               E, antes de vir para Cuiabá, minhas visitas não eram tão frequentes, por conta da correria do dia a dia e a distância que nos separava.

               Mas, cada encontro sempre é uma festa – literalmente: Pensa numa família grande, seu pai tem três irmãos, onde cada um deles tiveram 02 filhos, sendo que dois deles já tem filhos. Soma aí e veja a galera que dá nesse churrasco!

               Sua Tia Rosana adora ser anfitriã, pode estar como for, se não ficar na casa dela dá barraco kkk E sempre nos convence nos enchendo de guloseimas e carinho. Sempre nos cede seu melhor lugar para ficarmos, é super desapegada das coisas, gosta mesmo é de ver os outros felizes. Tem duas filhas, a Carol e a Fabi. A Carol AMA animais e acho que é por isso que vocês duas se deram bem de cara, até hoje você guarda seu “macaco/preguiça” chamado Claudio, e não tem como vê-lo e lembrar da musiquinha chiclete que vocês duas cantaram muito quando ela esteve de férias aqui em casa. A Fabi é a mais velha e, acho que por isso, tem um jeito de quem gosta de cuidar e puxar a orelha de quem sai da linha, mas sem perder a doçura e elegância. A Fabi é mãe da Julia, que você só a chamou de “Jula” durante as férias delas aqui. É uma menina de ouro: talentosa, inteligente, carinhosa e um sorriso que ilumina. Foi tão bom recebe-las aqui em casa, poder compartilhar com vocês um pouco da nossa vida aqui, poder leva-las – ou tentar levar debaixo de chuva – para conhecer as belezas do Mato Grosso.

               A Tia Roseli eu tive menos contato, mas o pouco que convivi já senti o quanto tem carinho por você: sempre preocupada, sempre acompanhando se desenvolvimento, tipo uma protetora. E, por falar em protetora, ela também é uma apaixonada por animais, e transmitiu às suas primas Vanessa e Mariana o mesmo amor pelos nossos amiguinhos indefesos. A Vanessa é super engajada nessas causas e tem um jeitinho tão doce que dá vontade de ficar conversando com ela o dia todo. A Mariana também é uma querida, tem a personalidade mais livre, aventureira, que gosta de viajar. Espero poder receber essa parte da família aqui em nossa casa em breve, será um prazer!

               O Tio Edson tem um jeito de irmão mais velho mesmo, aquele que dá exemplo, que cuida dos irmãos. Como o seu avô era um tanto ausente, ele assumiu o papel de pai muito cedo. Suas tias Rosana e Roseli que o digam, o que tomaram de cascudos dele na hora da lição de casa não está no gibi... É o que adora tirar um cochilo no meio do falatório dos encontros em família, virou a marca registrada dele. Impressionante esse poder de meditação kkk. Uma pessoa sempre com o sorriso aberto, muito receptivo. Pai dos seus primos Edinho e Rafael, os dois com personalidades totalmente diferentes: Edinho é o tirador de sarro, sempre tem uma piada na ponta da língua, estar perto dele é garantia de dar boas risadas. Tem uma bonequinha chamada Maria Angélica, sua priminha que você amou ficar coladinha na única vez que pode encontra-la, dizendo “mamãe, como ela é fofinha!”. O Rafael é mais tímido, mas adora conversar, sem chamar muita atenção, claro...rs. Mas fala de qualquer assunto, sempre com um astral leve, com certeza os dois puxaram o pai.

               Eu me sinto muito feliz por poder fazer parte dessa família e acompanha-los, mesmo que de longe. A maneira que nos recebe, sempre com tanta alegria, me enche o coração.

               Não poderia me esquecer dos esposos, esposas, namorados, namoradas, mas, como disse, a família é grande, não caberia em um único post. Todos, sem exceção, sempre me acolheram com muito amor, e isso se estende a você, filha. Também tenho certeza que sempre te amarão e nos receberão com o mesmo carinho de sempre.

               E fico ainda mais feliz por vê-los sempre unidos, sempre dispostos a se ajudar. Graças à sua vovó Analia, que não gostava que ficassem brigados, esse elo da família é cada vez mais forte: amigos vão e vem, a família sempre fica, é para onde sempre retornamos.

                * nessa foto aparece quase tudo mundo, faltou o Edinho 😢

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

AVÓS PATERNOS

                Para escrever o post de hoje, contei com a ajuda do papai, uma vez que não conheci a sua vovó Anália e muito pouco o seu vovô Luiz. Ele mal me conheceu, já que só me chamava pelo nome da antiga namorada do seu pai kkkk.
              Ele me contou que ambos são de Ourinhos, uma cidade no interior de São Paulo, onde se conheceram muito jovens. Trabalhavam na roça, uma vida muito sofrida. Por isso seu avô, assim que se casou com a sua avó (uma criança ainda, com apenas 14 anos), decidiu se mudar para a capital em busca de uma vida melhor. Chegaram totalmente desprovidos de qualquer recurso e inicialmente se instalaram em uma pensão. Seu avô logo conseguiu emprego em uma metalúrgica e a sua avó trabalhava como cozinheira.
             Foram anos muito difíceis, onde por algumas vezes eles mesmos construíram sua casa com as próprias mãos.
             Levaram 12 anos para seu tio Edson nascer, sua avó precisou até fazer um tratamento para engravidar, os demais – tia Roseli, tia Rosana e seu papai vieram sem que isso fosse necessário.
             Seu avô era uma pessoa extremamente esforçada, apesar de quase não ter estudo, sempre foi uma pessoa muito inteligente, fazia cálculos como ninguém. Trabalhava duro, não se cansava. Não gostava de ficar parado, já foi até o Pará com um carro carregado de roupas, passando seis meses fora. Numa dessas idas e vindas foram parar em Fortaleza para trabalhar em uma fábrica de fogões. E foi aí que seu papai, o caçulinha, nasceu – sim, seu papai é Cearense, apesar de ter vivido a vida toda em São Paulo. O vovô Luiz tinha seus defeitos, era uma pessoa difícil e não tão próxima dos filhos, mas quando os primeiros netos vieram o seu coraçãozinho amoleceu. Seus manos tiveram a oportunidade de conviver com ele e sempre disseram que ele era um grande contador de histórias. A mais engraçada de todas com certeza é a do seu Tato Gabriel rolando ladeira abaixo depois de cair do famoso Fusquinha do vô Luiz.
            Sua avó, segundo seu pai, viveu pela família. Nos altos e baixos da vida, la era daquelas que superava qualquer dor (física ou emocional) para que os filhos tivessem o melhor possível. Era carinhosa, caprichosa e esforçada. Como seu avô passava muito tempo fora, ela tinha quer ser criativa para que nunca faltasse nada em casa. Cozinhava muito bem, foi com ela que seu pai aprendeu com ela a cozinhar. Teve inúmeros problemas de saúde, sendo que um deles quase a impossibilitavam de se locomover, mas ela literalmente se arrastava pela casa em nome da sua amada família. Sem estudo algum, ela fez questão que todos os filhos estudassem para que tivessem uma vida melhor do que a dela. Certamente está muito orgulhosa dos seus amores e sabendo que valeu a pena tanta entrega. Como ela sempre aguentou tudo calada, em nome dos filhos, ela sempre os criou para que fossem honestos e responsáveis, mas acima de tudo, independentes, já que o que importa é que nós sejamos felizes primeiro, e depois os outros. Por isso todos os filhos que criou fazem questão de passar adiante não somente o amor que receberam, mas também a lição de que o amor próprio e a individualidade são importantes para que uma família seja feliz, onde ninguém anula ninguém.
            Eu acredito que, de alguma forma, eles podem acompanhar você, mesmo que você não possa vê-los. Espero que você possa sentir um pouquinho desse amor que com certeza te dariam se hoje estivessem entre nós.

        Da nossa parte, o que sempre vamos fazer é falar deles, contar essas histórias para que você sempre vá construindo no seu coração a imagem desses vovôs.


terça-feira, 18 de agosto de 2020

MANOS

         Quando conheci seu pai, no mesmo dia já fiquei sabendo que tinha dois filhos. Em um primeiro momento fiquei um pouco preocupada, medo de não ser “aceita”, medo de não me adaptar, de atrapalhar a relação pai e filhos. Mas que bobagem... Assim que os conheci o encanto foi imediato, ficou evidente o tanto que esses meninos foram bem educados, mesmo o pai morando longe a Angela, mãe deles, fez um excelente trabalho.

Em suas primeiras férias desde que conheci o seu pai, Gabriel e Marcus vieram passar férias com ele e pude conhece-los de perto: O Marquinhos, hoje com 30 anos, sempre se comportou como “irmão mais velho”, sempre responsável, mais concentrado, mas sem perder aquele sorriso lindo e voz mansa. Gostamos de brincar com ele por ser “mão de vaca”, igual o pai, mas na verdade todos sabemos que gosta de fazer tudo com segurança e muito planejamento e não há nada de errado nisso. Engraçado como ele te acalma, parece que consegue te “domar” com um gesto, um olhar...

O Gabriel sempre foi mais expansivo, conversador e tirador de sarro. É o mano do “bora, to dentro”, que gosta das brincadeiras mais agitadas, e, graças a isso, já foi presenteado por você com uma bela mordida na orelha. Ele é o que se arrisca mais, não tem medo de mergulhar de cabeça, o que deixa o pai meio apavorado às vezes, mas graças a Deus sempre deu certo kkk

As pessoas sempre me perguntam se não gostaria de te dar “um irmãozinho” e a resposta é sempre a mesma: ELA JÁ TEM DOIS. E rebatem: “Ah, mas eles são mais velhos, moram longe...” É verdade, mas são tão especiais que me suprem a vontade de te dar irmãos. Você realmente tem duas pessoas incríveis que vão sempre segurar na sua mão e te defender, independente da distância. Sempre vão querer saber da sua vida, se está bem... E eles não pensam duas vezes quando vão planejar as férias, sempre querem vir nos ver. Isso enche meu coração, saber que poderiam ir para qualquer outro lugar, mas fazem questão de estar perto dessa outra parte da família aqui no Mato Grosso, que tanto os ama.

E o que me deixa mais feliz ainda é o fato deles aceitarem com todo carinho que você os chame de “Tatos”, um apelido que pertencia a eles. A “Tatinha” sempre fala de vocês, mesmo que seja rebelde nas chamadas de vídeo, esse não é o seu forte...rs. Nossa missão enquanto pais é sempre reforçar na sua cabecinha que possui dois manos lindos, inteligentes e fortes que sempre vão te amparar. E sem contar que são dois gatos, você vai poder sempre exibi-los para suas amiguinhas hahahaha. Mas ambos são comprometidos com duas "norinhas" muitos queridas, a Tais e a Claudia, que também moram em meu coração!

Brincadeiras à parte, eu me sinto honrada em ser a "mãe postiça" deles. Obrigada por me permitirem fazer parte das suas vidas, Marcus e Gabriel!

*Tato Marquinhos

      *Tato Gabriel

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

PRIMOS DA FAMÍLIA SILVA

Ainda falando no meu lado da família, chegamos aos seus priminhos.

Você é a caçula de quatro primos, sendo a Letícia, com 13 anos, que é filha dos Dindos, e os gêmeos do Tio Xande e Tia Bi: Murilo e Miguel, com 7 anos.

Como a maternidade é cheia de culpa, essa é mais uma que carrego: você não poder conviver com essas preciosidades. Mas quando estão juntos fica muito claro o cuidado que todos eles têm com você e até mesmo aguentando seu temperamento de pimenta.

A Letícia é a menina mais doce que conheço. Doce, não melosa. Sempre foi muito delicada, amorosa e caprichosa. Por um bom tempo tive que acompanhar o seu crescimento à distância, mas tenho um orgulho tão grande dessa menina. É tão responsável e obediente que às vezes me esqueço que é tão nova, acho que é por isso que o Tio “Babó”, vive sempre te pentelhando dizendo que tem uns 5 anos a mais...rs. Quero muito que você tome ela com referência , pois sei que seu futuro será brilhante. É muito estudiosa, sempre tirando notas altas no colégio. Conversa com adultos de igual pra igual, mas ao mesmo tempo dá sinais de sua verdadeira idade, dançando um K-Pop, por exemplo. É só fechar os olhos que vejo sua imagem na maternidade, aos berros no berçário, esse tempo é cruel demais. Você sempre fala que está com saudade da sua “irmã” Letícia, até entendo essa sua confusão, ela é mais do que prima, é a garota incrível que você vai apontar para seus colegas cheia de orgulho e dizer: Aquela ali é minha “prirmã”.

As pessoas tem mania de achar que a semelhança física dos gêmeos idênticos se estende ao comportamento. Esses manos aí são a prova de que não tem nada disso. O Murilo tem muito da Letícia, a gente até costuma brincar com isso: é doce, sensível, atencioso. Das poucas vezes que estiveram juntos eu pude observar que era o que tinha mais paciência com você, e, calmamente tentava te explicar o porque das coisas. Parece um mini adulto falando, talvez uma particularidade comum das crianças de hoje, na idade dele eu só sabia apertar a campainha dos vizinhos e sair correndo.

O Miguel tem mais de você no quesito eletricidade: é esperto, falador e criativo. Obviamente não conseguia aguentar seus rompantes, já perdia a paciência rápido. Também noto nele um espírito de liderança nato, ele comanda as brincadeiras, direciona os próximos passos, talvez aí a origem dos conflitos já que você não gosta de ser mandada. Aí já vem também dos genes que herdou de mim, acho que vou ter que dedicar um post a isso.

O que esses gêmeos tem em comum é o talento artístico, principalmente para desenhar. Impressionante a noção de proporção, eu jamais conseguiria isso. Passam um tempão fazendo seus desenhos super elaborados, ficam muito perfeitos.

Eu fico muito feliz pelos seus pais sempre incentivarem que sejam unidos, assim como fomos criados. Me lembro de uma vez que Murilo precisou ser internado e o Miguel sofreu bastante com a distância do mano.

Meu convívio com eles sempre foi à distância, diferente dos primeiros anos que consegui “curtir” a Lelê. Talvez por isso sinta dificuldade de diferenciar um do outro – tudo bem que é difícil até pra quem convive – mas não poder viver mais próxima deles me entristece um pouco.

O que sei é que, independente da personalidade de cada um deles, você sempre poderá contar com esses primos. Eu e seu pai fazemos questão de sempre os colocar em nossas orações diárias, pedindo à Deus que sempre os conserve cheios de saúde para que sejam parceiros por toda vida. E, sempre que houver uma oportunidade, poder abraça-los, por que não tem coisa melhor nessa vida do que dar uns apertos em quem a gente ama. 



terça-feira, 11 de agosto de 2020

TITIOS DA FAMÍLIA SILVA

Sou a caçula de três irmãos, onde seu tio e sua tia nasceram no mesmo ano e eu 5 anos depois. Meus irmãos sempre foram muito grudados por serem praticamente da mesma idade e compartilharem mais tempo juntos. Mas, com a minha chegada, fui bastante paparicada. Como disse, seus avós foram um exemplo de criação e nunca permitiram que os irmãos ficassem sem se falar. E carregaremos esse sentido de união para sempre, apesar de morarmos distantes uns dos outros, o amor, a preocupação, o carinho é o mesmo de quando éramos crianças e dormíamos todos no mesmo quarto – se bem que brigávamos muito mais naquela época...rs

Seu tio Xande é o mais velho e único filho homem, sem dúvidas o pentelho dos irmãos: Adorava nos irritar com lambidas, mordidas, piadinhas e apelidos. E ele sempre conseguia nos tirar do sério. Mas, como todo irmão pentelho, fazia uma falta danada quando não estava por perto, a casa parecia vazia. E já na adolescência ele ficava cada vez menos em casa: passava o dia todo trabalhando e estudando, sempre na correria. A sua avó nem disfarçava que adorava paparicar ele, dizia que “tadinho, está sempre cansado”.

E, realmente, ele se dedicava 100% em tudo, sempre foi muito inteligente e esforçado. Ele sempre se portou como o “homem da casa”, desde muito jovem, ele se sentia responsável por nós todos. Não é à toa que se tornou um grande pai de família e profissional de sucesso. Eu nunca duvidei nem por um segundo que seria assim. Ele sempre foi nossa referência e orgulho, um porto seguro pra mim. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando nossos pais partiram, eu pude me sentir amparada por ele, protegida. Por isso sei, minha filha, que você também sempre sentirá essa proteção vinda desse seu tio que, com certeza, cresceu daquele jeito pra caber o coração gigante que ele tem.

Sua Tia Bi, que se casou com o Tio Xande, foi apresentada por mim a ele. Estudávamos juntas no CEFAM – que época boa – e, em uma das festinhas banquei o cupido. Quem diria que tantos anos se passariam, que formariam uma família linda com seus primos lindos... Tia Bi adora receber, não sabe o que faz para nos agradar. É uma cozinheira habilidosa, sempre que for encontrar com ela vai ter alguma coisa gostosa pra comer. É uma pessoa doce, amorosa, carinhosa e que valoriza a família. Cresceu em uma família amorosa como a nossa, então, as lembranças são muito parecidas. Ah! E se você quiser ficar ainda mais bonita, pode contar com ela, porque tem uma competência enorme nisso.

A Tia Bia é a irmã do meio, que sempre se intitula como “injustiçada”, mas na verdade não me lembro dela tomando uma chinelada sequer. Sempre foi a mais introspectiva, gostava de passar horas no quarto desenhando – e desenha bem ate hoje. Não sei se é porque é mulher como eu, nós sempre tivemos aquela coisa de parceria: meus segredos, meus medos, meus sonhos sempre foram compartilhados com ela, até hoje é assim. A gente se fala TODOS OS DIAS, nem que seja só um “Oi, tá corrido hoje”. A Bia sempre foi muito observadora e, acho que por isso, sempre foi ótima em dar conselhos. Eu sou muito feliz por poder dizer que minha melhor amiga é minha irmã: não são só laços de sangue, é por amor também.  Ela é a única pessoa que acha graça das mesmas piadas idiotas que me fazem chorar de rir, e está sempre me “marcando” em “memes” porque sabem que vão me alegrar. E eu também sempre faço isso com ela pensando: “Esse só a Bia vai achar engraçado”. Ela me entende, e eu a entendo. Quando uma está muito chateada com algo a outra sempre tem algo certeiro pra falar. E essa conexão que parece vir de outras vidas me fez escolher a Bia pra ser a sua madrinha. Por que sei que na minha ausência ela vai saber te dizer exatamente aquilo que eu te diria pra te acalentar, pra te animar, pra te corrigir.

E junto com a Tia Bia, vem o Tio Carlos. Esse seu Dindo maluco que gosta de brincadeiras radicais, que é muito engraçado e talentoso. É uma pessoa que esteve na minha vida desde a adolescência, e já nos desentendemos INÚMERAS vezes, talvez porque somos igualmente “cabeças-duras”. Mas, com o passar do tempo, e por termos amadurecido finalmente, pude perceber que sermos tão parecidos não era pra ser um motivo para nos desentendermos, e sim, para nos unirmos ainda mais. E tem sido assim desde então. Seu Tio Carlos é ligado na tomada, não consegue ficar parado, não consegue ver algo mal feito. Ele vai saber o que fazer quando você tiver problemas de vazamentos, pinturas, móveis e afins. Mas, principalmente, vai saber te chacoalhar, te jogar pra cima para arrancar boas gargalhadas e espantar o mau humor.

Esse post está ficando muito longo, mas não tinha como descrever essa “nova geração” da nossa família de outra forma. Me sinto uma pessoa de sorte por estar cercada de pessoas tão especiais, inteligentes, honestas e amorosas. 

Conte sempre com seus tios, eles podem estar do outro lado do mundo, mas o amor que nossos pais plantaram em nós nunca vai morrer.


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Vovô Zé e Vovó Cely

        Minha família é relativamente grande, mas por questões diversas o convívio acabou ficando restrito aos seus avós, tios e primos.

        Sua avó Cely não te presenteou com o nome Maria à toa. Muitas vidas podem passar, mas dificilmente encontrarei uma pessoa como ela: viveu uma infância muito difícil, mas nunca usou isso como desculpa para que a minha e dos meus irmãos também fosse. Uma mãe Leoa, com letra maiúscula, e dedicou sua vida a nos amar incondicionalmente. Doce, frágil, engraçada, amorosa, são tantos os adjetivos que não cabem em um único capítulo, talvez nem mesmo nesse blog inteiro. Só sei que queria MUITO que tivesse conhecido sua avó, você iria entender tudo o que estou falando e o que sempre falarei dela para você. A memória dessa pessoa especial jamais será apagada.

        Sua avó me deixou o legado que é preciso ter o pé no chão, ser honesto, ser prudente e amar a família sem restrições, dizer “eu te amo” mil vezes por dia se for preciso, nós nunca sabemos quando será a última vez. E jamais esquecerei das suas últimas palavras: “Estou muito feliz porque você está muito feliz”. Quando ela se foi eu já estava em Cuiabá há dois anos e estar distante dela na sua partida é algo que ainda me faz sofrer um pouquinho.

        Seu avô Zé partiu antes do que imaginávamos: aquele jeito dele de vida mansa, sem stress -quase um hippie - fazia a gente pensar que viveria até mais de cem anos. Mas o que realmente sabemos da vida, né? Uma doença devastadora o levou, mas ele teve a oportunidade de te conhecer, e acabou sendo o único avô que você teve contato. Talvez por isso você sempre fala que sente falta dele quando vê fotos, vídeos ou simplesmente falamos nele. Foi um pai daqueles parceiros, que me tirava das enrascadas e guardava em segredo para não aborrecer a sua avó. Não que eu tenha dado trabalho, mas eu sabia que poderia contar com ele quando algo desse errado.

        O que aprendi com seu avô: não precisa levar a vida sempre tão à sério, viva intensamente o dia de hoje, faça tudo com capricho – ele não se contentava com coisas mal feitas – e não tenha medo de abrir seu coração e se mostrar frágil. Talvez a descoberta da doença tenha feito ele amolecer mais o coração nos permitir conhece-lo de uma forma mais profunda, mas  sempre teve um jeito diferente de mostrar o seu amor: segurando minha mão no médico quando desloquei o dedo, fazendo pipa, montando a barraca na praia e dando aquele assobio inconfundível como um último chamado pra ir pra casa senão a coisa ia ficar feia pro meu lado. Através das falhas dele eu aprendi a perdoar por amor, que não sou perfeita e que talvez um dia possa precisar que alguém me perdoe da mesma forma pra poder partir em paz.


       Graças a esses dois aí eu tive uma infância incrível, eu soube desde pequenininha o que era amor de verdade, aquele que ensina, que acolhe, que corrige e só depois que você chegou eu conseguir entender de verdade.

        Entenda minha filha, não existe legado maior do que esse. E é por isso que meus pais sempre serão minhas referências na sua criação e sempre falarei deles para você, enquanto eu viver.

        Com certeza esse foi o capítulo mais difícil de escrever até agora. Tive que fazer várias pausas para me recompor, tamanha a intensidade e importância que eles têm na minha vida. E é assim que quero que sempre se lembre de mim e do papai: com muito amor.

        E é com lágrimas que finalizo esse capítulo, lágrimas de saudade, mas nunca de tristeza, pois sei que eles não deixaram nada pendente nesse mundo, a missão deles aqui estava cumprida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

TIA ERICA

Assim que completou um ano, logo após todo a tristeza com a saída do hotelzinho, você passou a ficar na casa da Tia Erica, como sempre foi carinhosamente chamada. Ela começou a trabalhar lá no exato dia que você entrou no hotelzinho – talvez um anjo que Deus mandou pra te proteger. Você era a caçulinha e ela nunca tinha cuidado de um bebê tão novinho, apesar de ter experiência com crianças. Sempre notei que você sempre fazia festa quando chegava lá e ela era quem ia te pegar no portão, já era um sinal de que a afinidade de vocês iria além daquele lugar.
Você começou a ficar com ela aos sábados de manhã, e, com a mudança inesperada de planos, passou a ficar todos os dias da semana. Me lembro da preocupação dela em deixar a casa preparada para recebe-la, mudou móveis de lugar, providenciou até um ambiente mais infantil, já que, até então, morava somente com o esposo, Adinil, outro que a Maria também sempre teve um carinho enorme, que com certeza a influenciou o gosto que tem pela música.
A forma que foi recebida por ela e toda a sua família sempre me emocionou, você é parte deles, como uma neta. Foi como a calmaria após a tormenta, só Deus sabe o quanto eu estava com medo de você passar por isso de novo. Mas a sua evolução nesse ano foi tão evidente, e sua irritabilidade diminuiu consideravelmente, só ficando o que já era característica da sua personalidade forte mesmo. Tantas vezes, preocupada com uma febre, ela me mandava mensagem pedindo notícias, os “avós” sempre nos ajudando nas correrias, segurando as pontas com muito amor, preocupados porque você não comeu direito, enfim, como se fosse mesmo um membro da família.
Minha vida e do seu pai sempre foi corrida, de muito trabalho, e a Tia Erica tem um papel importantíssimo não só no cuidado, mas ela sempre arrumava um jeito de te entreter: cinema, zoológico, correr atrás das galinhas na casa da Vovó Justina e o gosto tão inusitado por feiras e quitandas que você tem é graças a essa sua titia... E os bolos maravilhosos que ela faz? Tenho várias fotos de vocês se aventurando na cozinha e, quando ia te buscar, mostrando toda orgulhosa os seus cupcakes.
Vocês definitivamente são o meu Porto Seguro aqui em Cuiabá para cuidar da Maria. Minha eterna gratidão a todos vocês e, principalmente, à Tia Erica que é sim, como uma tia “de sangue”, tamanho o amor que tem pela nossa pequena.
Tio Adinil, Vovó Edecia, Vovó Justina, Vovô João, Tia Eliza, Tia Cris, Tia Rachel, Tia Ruth, e tantos outros nessa família gigante, não sei como agradecer tanto amor pela Maricota!
Editado: Quando rascunhei esse texto ainda não sabia, mas um dia antes de publicar ela me mandou a notícia que finalmente havia escutado o coraçãozinho do seu bebê. Fiquei tão emocionada de saber que vai ser mamãe, apesar de saber que sempre assumiu esse papel não só com a Maria, mas com todas as crianças que passaram e passarão na sua vida. Esse amor tão natural, tão genuíno com certeza vai ser infinitamente maior agora que está passando por essa experiência mágica. Desejo de todo coração muita saúde para você e seu bebezinho, que vai deixar a sua família ainda mais linda.
Amo você como a uma irmã!

FALANDO DE SENTIMENTOS

       Desde que passou o seu último aniversário no dia 14/04, senti que você andava meio relutante em ir para a escola: reclamando de acord...