Um dia antes de você chegar eu
estava muito ansiosa, como não, né? Sua Dinda/Tia Bia havia chegado há alguns
dias e me ajudou a segurar a onda. Fomos juntas ao salão para fazer as unhas e
arrumar o cabelo. Chegamos em casa e fomos conferir a mala da maternidade pela
milionésima vez, estava tudo certo, nada foi esquecido: Roupinhas, documentos,
brinquinhos, mantinhas, tudo pronto pra você. Fui deitar porque sabia que
dormir eu não ia mesmo.
Levantei da
cama umas 5h para tomar um banho e me arrumar, já que tinha que estar no
hospital às 7h para iniciar a internação. Chegamos lá, o papai um pouco mais
atrapalhado do que o normal, trocamos o andar, mas logo nos encontramos.
Entreguei toda papelada para a recepcionista e aguardei. Eu não estava nervosa
ou com medo, estava ansiosa pra te ver.
Seu papai
desde o começo da gestação disse que não iria assistir o parto, pois não tinha
a menor condição psicológica, e que provavelmente desmaiaria, dando mais trabalho.
Sendo assim, a Dinda fez as honras e seguiu para a missão de ser a primeira
pessoa a família a te ver chegando ao mundo. Seguimos – eu e ela – para o
centro cirúrgico e começamos a nos vestir com aquela parafernália toda. Seu pai
seguiu para a sala de espera acompanhado de um monte de malas... Logo em
seguida uma querida amiga, a Shirley, chegou para ficar com ele e segurar caso
desmaiasse.
Minha irmã
ficou aguardando em uma antessala enquanto eu ia para o centro cirúrgico. Nesse
momento, com aquela camisola rosa, touca na cabeça e uma meia descartável, me
vi nervosa: aquele monte de salas (umas 7), médicos transitando parecendo uns
ET´s com aquelas roupas, choro de criança, grito de mãe, risos, conversas
aleatórias...Fiquei perdida, me perguntando, o que faço agora? Até que uma
enfermeira veio com um sorriso, talvez percebendo a minha cara de perdida, e me
falou para aguardar um pouquinho que logo liberariam a minha sala. Sentei em um
banco onde já estava uma moça também com olhar assustado. Nem lembro direito
sobre o que conversamos, mas eu não consigo sentar perto de alguém sem puxar
assunto, talvez se tivesse um cartão de visitas eu já teria entregue. Mas
provavelmente foi sobre o sexo dos bebês, nomes, etc.
Não demorou
muito e ela foi chamada, ficando eu lá mais uma vez sozinha. Acho que passou
uns 10 minutos e uma outra enfermeira foi me avisar que minha sala foi ocupada
por outro médico que teve que atender um parto de emergência. Eu só conseguia
me preocupar com o seu pai lá fora que deveria estar agoniado. Pedi para que o
avisassem, se possível. A enfermeira abriu uma porta e ele apareceu em uma
fresta com aqueles dois olhos verdes esbugalhados perguntando sem dizer nada:
“Cadê ela?”. Nem se deu conta que eu não conseguiria estar em pé se já tivesse
realmente parido.
Mais calma por
ter avisado seu pai, tornei a sentar e pensar em coisas boas, no seu rostinho,
na alegria de te pegar no colo, amamentar, aquela coisa de comercial de
margarina. Por hora funcionou até que minha médica me chamou e repetiu o que a
enfermeira havia dito, mas que já estavam preparando a minha sala.
Finalmente fui
chamada e senti minhas pernas gelarem: Era agora.
Uma enfermeira
de sorriso largo me recebeu na sala: “Bem vinda, Heloisa”. Gostei dela na hora,
me acalmou. Uma outra igualmente simpática também chegou e começaram e me
preparar, explicando cada coisa que faziam. O anestesista também chegou e
começaram a conversar alegremente, contando piadas. Acho que fazem isso de
propósito para nos acalmar. Se for, já aviso que adiantou. Me virou de lado,
explicou que iria enfiar uma agulha na minha coluna (delicadamente, claro) e
até que fiquei bem. Ele me espetou três vezes até acertar e só fiquei sabendo
disso depois que ele comentou que não foi tão fácil. Enfim, para mim foi
tranquilo e logo estava totalmente amortecida da cintura pra baixo. Logo a
Dinda entrou, ficou ao meu lado, onde a enfermeira havia indicado, e trocamos
algumas palavras. O ambiente estava realmente tranquilo, uma energia boa e
aquilo me acalmou muito. Por fim, a Dra. Fabíola chegou com aquela voz calma e
aquele humor leve e começou a cirurgia. Me lembro de sentir náuseas e o
anestesista colocar um pano no meu ombro e dizer: “qualquer coisa vomita aí”.
Ainda bem que não precisei, não seria legal que a primeira foto da Maria fosse
emoldurada com vômito. Foi tudo muito rápido, mas me lembro de um momento de
tensão quando ele pediu licença à minha irmã e “forçou” a saída na da Maria
parte de cima da minha barriga. Sei que esse não é o jeito mais natural de uma
criança vir ao mundo, mas o importante é que você veio cheia de saúde e eu
também estava bem. Lembro de ouvir a enfermeira falar “parece bebê de novela,
tão limpinha” e achei graça naquilo.
*eu, minha irmã e minha bonequinha de
novela
Ouvir seu
choro encheu meu coração de alegria, um momento tão lindo, e quando te vi, foi
tão rápido, mas foi uma mistura de alívio e amor difícil de explicar.
Feitos todos
os procedimentos, você foi levada para o berçário e eu, depois de suturada,
claro, fui para a sala de repouso. Minha irmã foi se juntar ao papai ansioso e
a minha amiga Shirley para esperar para se conhecerem.
Fiquei mais
tempo do que gostaria na sala de recuperação, completamente sozinha. Não tinha
notícias, aí descobri que um turno havia saído para o almoço e outro estava no
apoio no Centro Cirúrgico porque aquele 14 de abril de 2015 estava bem agitado.
Maria não ia vir ao mundo em um dia monótono, bem a cara dela fazer isso.
Continua...
Ah, mas ta muito linda essa história <3
ResponderExcluire está só começando rsrsrs
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