sábado, 13 de abril de 2024

ÚLTIMO DIA COM 8 ANOS

Olá minha cocadinha, tudo bem?

    Mamãe estava bem ausente, eu sei. Mas não faz ideia de quantas vezes nesses quase 12 meses eu me peguei pensando em temas para vir escrever aqui. O que me faltou foi tempo mesmo, só isso.
    O que acontece e você certamente vai se lembrar é que no começo do ano passado eu decidi, depois de mais de 20 anos, voltar a estudar. Por muito tempo protelei, justifiquei e chegou no limite essa minha vontade de aprender mais, me especializar no que faço ha tanto tempo e quero continuar fazendo. A area comercial é muito desafiadora, trabalhar com metas não é para qualquer um. Por isso, não é só o tempo que vai nos moldando e aperfeiçoando, precisamos de conteúdo também.
    Entrei de cabeça e, com a valiosa ajuda do seu pai, comecei os estudos. Você também tem contribuído muito, respeitando quando a mamãe explica que vai ficar trancada no escritório por um tempo, que tem prova, que precisa estudar. As vezes você entra aqui quietinha, me dá um beijinho, trás água, vem fazer sua tarefa aqui do meu lado só para termos mais um tempinho juntas. Você não faz ideia do quão valioso é isso, pois não é só você que sofre com a saudade desse tempo juntos que antes tínhamos todas as noites. Você desde bebezinha fica o dia todo distante de nós, e sei que não é fácil não ter minha completa atenção todas as noites. 
    Mas seremos todos recompensados por isso, e daqui a pouco só faltará um semestre para voltarmos à nossa rotina e, com o acréscimo de uma mamãe ainda mais realizada e feliz por ter concluído mais esse desafio. Eu sempre reforcei para você a importância dos estudos, que conhecimento é o bem mais valioso que podemos ter e que nunca corremos o risco de perder, esse investimento só cresce!
    Mas hoje, sábado, assim que acordei, te falei uma frase que até me assustou: "Você sabia que hoje é o último dia da sua vida que terá 8 anos de idade?". No exato momento em que falei isso senti um nó no estômago e me perguntei: "Será que eu estive mesmo presente nesse ano que em pouco tempo se encerra e nunca mais voltará?" Comecei a pensar que esse foi o ano desde que você nasceu em que ficamos mais tempo "distantes". Senti uma dorzinha e a culpa que toda mãe carrega desde o dia que recebe esse título até o fim das nossas vidas. Claro que há pouco tempo tivemos férias incríveis, ficamos 30 dias coladinhos e vivemos momentos maravilhosos , mas, em todos os outros 11 meses eu estive mais ausente do que nunca.
    Quero que você, quando for mais velha e ler isso, entenda que foi POR MIM, não por você, nem por mais ninguém. Sim, é difícil uma mãe dizer isso, costumamos sempre dizer que fazemos tudo pelos nossos filhos, sempre nos colocamos em segundo, terceiro, quarto ou até mesmo em nenhum plano. Mas dessa vez eu me priorizei, e tive tanto suporte seu e do seu pai para que isso acontecesse que até me emociono. Vocês todos os dias demonstram o apoio de vocês, sendo quando seu pai prepara o jantar para nós, quando você entra no escritório falando baixinho e me dá seus beijinhos.
    Mas aí eu respiro fundo e penso: "Posso ter me priorizado nisso, mas a lição também é para você". Justamente para que você nunca se perca e SEMPRE se coloque como prioridade na sua vida. Claro que existem muitos momentos em que cedemos a vez, mas que seja feito com satisfação, com alegria e que possamos sempre retornar ao nosso eixo e lembrar do quanto é importante nos amarmos e nos valorizarmos.
    Amanhã você vai ser uma menininha de 9 anos. E eu tenho absoluta certeza que vai continuar sendo a Maria doce, engraçada, prestativa, empática, inteligente e que, principalmente, não vai deixar ninguém te diminuir. Esse é o maior legado que seus avós me deixaram e tenho um orgulho enorme de repassar à você. 
    Espero que daqui a 365 dias eu possa te dizer " Você sabia que hoje é o último dia da sua vida que terá 9 anos?" com a mesma satisfação e alegria que te disse hoje, pois você sempre vai ser a minha obra mais perfeita, meu maior orgulho.

Te amo hoje, com 8 aninhos, amanhã com 9, e assim vai ser por toda a minha vida.

Mamãe



domingo, 14 de maio de 2023

DIA DAS MÃES

Olá Filha!

Faz um tempo que não apareço por aqui, eu sei... Mas a intenção era essa mesmo, escrever somente quando meu coração disser para escrever. Para não ficar forçado, como uma obrigação.

E hoje me senti assim, com vontade de escrever para você. Hojé é dia das mães, e eu sempre fico nostálgica nesse dia. Mas esse ano sinto que estou mais, o coração mais apertado de saudades da minha mãe. Eu queria tanto que você tivesse conhecido, ela era tão incrível... Antes de ter você eu sempre dizia que queria ser uma mãe como ela, pensando que seria algo fácil de ser alcançado. Mas aí você chegou e eu vi que era algo muito difícil, principalmente nos dias de hoje. Então ela se tornou uma referência, como se me aconselhasse nos momentos de dificuldades, o pensamento sempre vinha: "o que a Dna Cely faria numa hora dessas?" E parece que meu coração se acalmava e eu colocava a cabeça no lugar para tomar as decisões. Nem sempre eram as mais corretas, mas pelo menos eram mais conscientes.

E assim tem sido todos os dias, sua avó é como meu guia espiritual, é quando eu acalmo meus pensamentos e respiro para seguir em frente. E isso me aproxima dela, me faz reviver e acender a sua memória e importância na minha vida.



Hoje acordei com muita saudade dela, mas muito feliz em ser bombardeada de amor como sou por você. Cada beijinho cheio de amor, cada cartinha, cada apresentação animada, cada musiquinha que você inventa é como se fosse uma lembrança diária da presença dela na minha vida. Não tenho dúvidas que você foi um presente dela pra manter a minha dose diária de carinho, como se fosse uma prescrição médica.

E é por isso que agradeço diáriamente por ter sido escolhida por Deus para ser filha da Dna Cely e por Deus ter te escolhido para ser minha filha. Eu posso dizer com certeza que sou abençoada e muito sortuda por ter tido vocês na minha vida.

Escrevendo aqui, fiz algumas pausas para controlar a emoção e você e seu pai me acalmaram com abraços e beijinhos, não sabem o quanto isso é reconfortante. 

Eu tenho plena noção de quem sempre devemos seguir em frente, que a vida ainda tem muitas coisas boas para nos presentear e muitas oportunidades de passar adiante todo esse amor recebido, mas eu jamais apagarei a sua vovó da minha memória, minha guia que sempre vai me acompanhar, esteja onde estiver.

Prova disso está em mais um presente que Deus me mandou, um netinho que ainda não pude conhecer pessoalmente mas que já amo de um jeito inexplicável. Que não vejo a hora de cheirar esse pescocinho branquelo e cheio de dobrinhas...

É como se sua vovó me dissesse: "você ainda tem muitas coisas boas para viver, muito amor para dar e receber e eu sempre vou estar por perto".

E ler essas cartinhas que você escreve com uma inspiração inexplicável para uma menina de apenas 8 anos é a prova disso tudo, de que, errando e acertando, eu estou fazendo o meu melhor pra honrar todo amor que recebi da sua avó e recebo de você diariamente.



Te amo desde sempre e para sempre 

Sua mamãe 


terça-feira, 1 de novembro de 2022

AO MESTRE COM CARINHO

     Quando eu tinha a mesma idade que você atualmente (7 anos), eu estava saindo da pré escola rumo aos primeiros anos. Lembro-me de ser uma garotinha muito tímida e, apesar de estudar em uma escola particular, não tinha muitas condições de ter as coisas que as outras crianças tinham. Isso atrapalhava bastante na hora de fazer amigos e ser mais participativa nas aulas. Ficava meio de lado e me lembro do quanto isso me entristecia. 

    Mas, como Deus sempre coloca no nosso caminho anjos para nos ajudarem a enfrentar nossas dificuldades, a minha veio na forma de professora: a tia Meire. Era uma professora de uma doçura e serenidade incríveis, uma paciência e um jeito muito carinhoso de nos conquistar. Lembro que era assim com todos, mas eu sabia que tinha um olhar especial para as crianças com dificuldades de relacionamento, eu, por exemplo. De uma forma muito respeitosa e sutil, ela foi me mostrando o valor que eu tinha e nem sabia, me ensinando tão cedo lições valiosas de auto confiança e auto estima. Aos poucos eu fui me soltando e me integrando com os outros alunos, até fazendo poucas, mas valiosas amizades.

    Sei que não fui a primeira, nem a última criança que foi "lapidada" pela Tia Meire, e nem sei se ela teve a dimensão do quanto marcou a vida dessas pessoas. O que sei é que, com 42 anos, não me esqueço dela: sua voz suave, seu jeito de sorrir com os olhos e a ternura que nos ensinava. 

    E porque será que hoje vim relembrar disso? Justamente pelo mesmo motivo, dessa vez com você. É muito claro para quem te conhece que você não tem problemas de timidez e dificuldade de fazer amizades, tão pouco de assimilar os conteúdos que lhe são passados - ainda bem, que assim permaneça rs.

    Mas já posso dizer com certeza que a sua professora Thiely te marcou de uma forma muito linda: Ela tem o mesmo jeito carinhoso e paciente, sempre comemorando com você as suas vitórias e te direcionando com muita delicadeza naquilo que precisa ser ajustado. Ela te ajuda a reforçar as suas qualidades, o seu jeito expansivo, querendo sempre ajudar. Eu não estou na sala com você, mas presto muita atenção na sutileza dos detalhes, na forma que você faz suas tarefas e comenta: "Acho que a Thiely vai gostar disso, daquilo". E esse carinho mútuo só se confirmou quando vocês foi escrever a cartinha para o dia dos professores e, com os olhos marejados, me disse: "Ai mãe, vou sentir muita falta dela"...

    Sabemos que ela vai estar na sala ao lado, toda orgulhosa de ver os seus passarinhos voarem, do tanto que contribuiu para o aprendizado deles, mas tenho certeza que vai sentir o coração faltando pequenos pedacinhos de ver cada um deles entrando por outra porta, sentindo falta de cada demonstração de carinho que, cada qual à sua maneira, lhe presenteava diariamente. Você gostava de levar florzinhas, né filha?

   Então é por isso que decidi registrar essa forma de gratidão aos mestres que são mais do que isso, aqueles que tem o poder de marcar nossas vidas eternamente. 

    Da mesma forma que a Tia Meire me marcou, tenho certeza que a Thiely marcou você também. Essas pessoas não só nos ensinaram a escrever, ler, fazer continhas, mas, principalmente, a sermos pessoas melhores.

    E, se quando você estiver com seus 30 , 40 , 50 anos, que lembre dela e sorria assim como nessa foto. E eu sempre sorrio quando lembro da Tia Meire nessa foto na minha formatura.




domingo, 21 de agosto de 2022

FORÇA

    Todos os anos faço um check up, me reviro do avesso para saber se está tudo bem. Os resultados sempre são parecidos, com as mesmas recomendações: emagrecer, praticar exercícios, comer melhor, etc. Todas as coisas que sei que não priorizo.
    Nesse ano, que foi bem tumultuado com o incidente do seu pai rompendo o tendão, fui fazer o checkup em junho - normalmente faço em março. Mas, antes tarde do que nunca, comecei a saga: colhi o sangue, fiz a mamografia e fui para a sala de ultrassom.
    A profissional que me atendeu começou passando o equipamento por todos meus orgãos até chegar nas mamas e, sem nenhuma cerimônia, me dizer: "Opa, tem um nódulo aí". Eu congelei, não sabia nem mais o que ela estava falando. A sala, que ja era fria, se transformou em um iglu, eu só sabia tremer. Lembro dela fazendo algumas perguntas, nem sei direito o que respondi. Ela finalizou com "vou repetir a sua mamografia mas independente que qualquer coisa já vou pedir uma biópsia", falando detalhadamente do procedimento, como seria feito e tudo mais. Fiquei na sala de espera aguardando me chamarem para repetir os exames totalmente tremula, a cabeça doía de tanto nervoso. Quando finalmente me chamaram e eu fiz o que tinha que ser feito, eu só queria sair dali chorando e sumir. Era cedo e eu iria diretamente para meu trabalho, mas não tinha condições psicológicas. Liguei para minha gerente e expliquei a situação, e ela, compreensiva - ainda bem - me liberou para me acalmar em casa. Como seu pai estava em casa se recuperando da cirurgia, me acolheu no meio de todo aquele caos e aos poucos fui me acalmando. Meu instinto prático acordou e eu já comecei a buscar os exames anteriores para enviar para a médica comparar antes de emitir o laudo.
    Mas não teve como evitar daquela nuvem negra dos pensamentos negativos começarem a pairar na nossa cabeça, e eu fui sendo tomada aos poucos por um sentimento de tristeza muito grande. De repente eu só conseguia me ver em um leito de hospital, morrendo . PORQUE SOMOS ASSIM???
    Então, a solução que eu vi foi de agilizar ao máximo o resultado, e , enquanto esperava, tentar seguir minha vida. 
    Mas não teve como não perceberem que eu não estava na minha normalidade, e acabei me abrindo com algumas colegas no trabalho, que me acolheram e apoiaram com todo carinho. Duas delas na hora me indicaram um especialista que poderia me instruir melhor no que fazer e talvez me indicar algum outro exame menos invasivo que a biópsia. Foi por Deus que liguei naquele médico e consegui um encaixe no mesmo dia. Fui com os laudos que eu tinha , esperei quase 3 horas para ser atendida, mas finalmente consegui. Ele olhou atentamente a ultrassonografia e o laudo da mamografia (que era o que eu tinha na hora) e ficou visivelmente contrariado com a atitude da profissional que me atendeu no exame, que ele não havia observado nada tão grave que justificasse uma biopsia logo de cara. Me tranquilizou e falou para que eu fizesse uma ressonancia, que é um exame mais preciso e facilitaria o diagnostico final dele. 
    Aquilo já dissipou uns 70% na nuvem negra e eu consegui me sentir mais positiva diante da situação, mas já saí dali ligando para agendar a ressonancia.
    O dia do exame chegou e , é claro, fui fazer esse exame em outra clínica, que já estava mais habituada e é referência aqui em Cuiabá. Apesar do sofrimento para aplicar o contraste, eu me sentia positiva e confiante, até mesmo a posição desconfortável e o fato do exame ser demorado e claustrofóbico não me abalaram. Pedi para ouvir Adele e consegui até cochilar. 
    Em poucos dias, peguei o resultado do exame e levei para o especialista que, finalmente confirmou o diagnóstico: nódulo benigno, totalmente normal.
    Depois de passado todo susto que esses 15 dias me causaram, eu fui rever a minha postura diante do medo. Não quis transparecer minha aflição, não chorei (mesmo querendo quando fiz o exame). E será que isso é bom? Cheguei a conclusão que não. Quem disse que eu preciso ser forte, que não posso mostrar vulnerabilidade? E isso me fez lembrar de um dia que você me disse que nunca tinha me visto chorar. Achei preocupante, porque eu não posso deixar meus sentimentos transbordarem? 
    Não quero que isso seja um exemplo negativo para você, pelo contrário, eu sempre te digo que tá tudo bem ficar triste diante de alguma situação, de chorar, nada é eterno, os sentimentos vão mudando, e a gente precisa validar esses de tristeza também.
    Eu também deveria ter aberto meu coração a todas as pessoas que eu amo e que sei que me amam, ao invés de pensar em poupá-las até ter certeza de tudo, bem ou mal. Agora penso que quando as pessoas que me amam sabem das minhas aflições, elas podem orar, rezar, vibrar coisas boas para mim, e eu recebo isso de todo coração, faz parte da cura, do acalento que todos nós precisamos.       Agora também pedirei ajuda e abrirei meu coração, ajuda a dividir o peso da preocupação, fica mais leve.
  E quando eu quiser chorar, vou deixar as emoções transbordarem, porque também é uma demonstração de confiança.Chorar lava a alma.
    É nessas horas de afição que a gente aprende a valorizar o que realmente tem valor.
    Seu pai segurou minha mão e me ajudou, sempre sereno e me tranquilizando, aquilo me sustentou e sinto que sempre vai me sustentar.
    E, com mais essa lição (e que susto), a gente cresce mais, evolui mais e se torna melhor.
     E, assim seguimos, de mãos dadas para aumentar a força e equilíbrio do caminhar...

quinta-feira, 28 de abril de 2022

SOBRE ESPIRITUALIDADE

    Seus avós nunca foram muito rigorosos com relação à religião. Eram católicos mas nunca iam à Igreja ou coisa parecida. Sua avó Cely era devota de Nossa Senhora Aparecida e costumava se apegar à ela em momentos difíceis. Por ser solta assim, nunca nos obrigou ou sequer cobrou que fossemos assíduos à compromissos religiosos. E dessa forma eu cresci, mas sempre acreditando nessa força Divina poderosa que me mostra como somos pequenos diante da Sua grandeza. Acabamos seguindo os mandamentos mais por uma questão moral do que religiosa.
    Quando vocês nasceu eu comecei a sentir uma necessidade de retormar essa conexão com Deus de uma forma mais próxima, não frequentando, mas inserindo mais a Sua presença nas nossas vidas, no nosso dia a dia. Eu acredito que Ele está em qualquer lugar, basta fechar os olhos e pedir com o coração que Ele estará lá, não só nos momentos de afição, mas de gratidão também. Queria abrir as portas da nossa casa para Ele entrar.
      Com isso, e também com outras coisas que aconteceram comigo, comecei a seguir os caminhos da Doutrina Espírita. E aos poucos você começou a participar também.
      Iniciamos com a prática do Evangelho no Lar, como uma forma de literalmente abrir as portas da nossa casa para Deus e os ensinamentos de Jesus. São basicamente encontros semanais, sempre no mesmo horário e dia onde estudamos o Evangelho, conversamos e encerramos com orações. No começo você relutava, ficava de cara feia e má vontade. Mesmo assim eu e seu pai persistíamos, sem te forçar a nada. Algumas semanas depois você já estava nos emocionando com a sua capacidade de assimilação das histórias e aplicação na sua realidade, no seu dia a dia, sempre começando a sua "palestrinha" com o indefectível "tipo assim..."
      Depois de um certo tempo, com a chegada da pandemia, a Evangelização Infantil que sua Dinda - que também é Espírita - fazia presencialmente na casa que ela frenquenta passaram a ser on line e, por isso, você foi convidada a participar. Aceitamos com alegria, que maravilha você aprender ainda mais, de forma leve e lúdica e podendo interagir com outras crianças. Mas, para não ser diferente, o começo também foi desafiador: Você estava desconfiada e relutante, mas assim como o Evangelho no Lar, você logo se adaptou, chegando ao ponto  de precisar pedir para você ficar quieta para dar oportunidade para os outros falarem também. Soltou diversas pérolas, algumas que quase me mataram de vergonha, cantou as músicas da sua Cantata, pediu para fazer a oração de encerramento e, o que parecia uma brincadeira, ficou como aprendizado. Posso afirmar com certeza, ao ver você fazer perguntas do tipo: "No Plano Espiritual tem comida?", "Eu vou conseguir me encontrar com o vovô Zé?" e a coisa mais fofa que você já me disse: "Quando eu vier novamente - sua maneira de falar sobre reencarnação - quero voltar sua filha de novo".
        Não tenho dúvidas que uma só vida é pouco para viver com você, pessoinha iluminada! Tenho certeza que estamos conectadas de alguma forma por toda eternidade.
        Amo seu jeitinho de agradecer a Deus por tudo o que tem e até sua maneira de recorrer à Ele nos momentos de aflição.
      Um exemplo disso aconteceu há três dias quando seu pai se acidentou na lavanderia de casa e veio com muita dor pedir ajuda, estávamos na cozinha. Na hora do desespero eu acudi-lo , eu só sabia pedir calma, pois sabia o quanto você ficava desesperada. Me lembro bem como você ficou quando eu quebrei meu dedinho do pé.
       Mas ontem, por curiosidade e tentando entender como seu pai se machucou, fui resgatar as imagens das câmeras do quintal de casa e, fui surpreendida com uma cena que me fez chorar: Ao ver seu pai se contorcendo de dor, você e seus olhinhos aflitos, juntou as mãozinhas e começou a rezar o Pai Nosso, até não ver outra saída senão se ajoelhar no chão pedindo misericórdia ao seu paizinho.
     Aquilo encheu meu coração de orgulho e mais uma vez a certeza de que estamos te encaminhando no caminho do bem.
      Felizmente, por conta da situação atual da Pandemia, a Evangelização Infantil que você estava fazendo on line passará a ser novamente presencial. A parte triste é que você não poderá participar, já que estamos a quase 2 mil quilômetros de distância rsrs. Vamos sentir falta - eu também - dos encontros aos sábados de manhã, das "tias" tão atenciosas e competentes que foram como um poderoso adubo na sementinha que plantamos em você pouco tempo antes: o AMOR A DEUS. Sempre serei grata à vocês por esses ensinamentos, e, com certeza, de alguma forma me comprometo a dar continuidade nesse trabalho lindo que realizaram nesses 2 anos.
       E você, filha, continue colocando em prática tudo o que tem aprendido, desse jeitinho que está fazendo, com humildade e leveza. Eu e o papai estamos logo atrás de você, cheios de alegria, te vendo crescer fisica e espiritualmente.
      E não poderia deixar de fazer um agradecimento especial à sua Dinda, que nos presenteou com esse convite. Através dele também pude participar das reuniões dos Pais, que contribuiram MUITO para a minha evolução, para meu crescimento espiritual.


💓💓💓

        
 
            



sexta-feira, 15 de abril de 2022

QUANDO AS CRIANÇAS NOS ENSINAM

                 Eu sempre fui uma criança expansiva, mandona e cheia de colegas na vizinhança, meus pais não tinham paz, a campainha tocava o dia todo.

              Sou da geração que lidava de uma forma diferente com o bullyng (aliás, nem era chamado assim naquela época). A gente colocava e levava apelidos da mesma maneira que fazem hoje (alguns até cruéis), mas a nossa reação era diferente. Não quer dizer que acho que naquela época era certo ou errado, temos que levar em consideração que antes os responsáveis tinham rosto – que diversas vezes eram socados nessas horas - e não havia rede social para que tivessem “carta branca” para falarem o que quiserem e de quem quiserem, ficando impunes. Na minha época de criança, nós nos defendíamos debochando de volta, ficando de “mau” por alguns dias – até mesmo algumas horas – ou apelando pra porrada mesmo. Dificilmente nossos pais se envolviam, até porque sabiam que no dia seguinte já estaríamos brincando juntos novamente. Não que os meus não tenham interferido quando julgavam que as coisas foram além da conta, e eu até então não sabia com qual régua eles mediam para saber a hora de intervir.         

            Assim que me tornei sua mãe, uma angústia sem explicação tomou conta de mim: eu queria te proteger de toda maldade do mundo, mas sabia que muita proteção poderia te transformar em uma pessoa frágil demais, que uma hora ou outra, não teria a mãe para defender. E, aos poucos, essa tal “régua” que meus pais usavam para saber se deveriam ou não interferir foi se mostrando para mim, e eu adaptei meu método para os dias atuais. Eu acredito muito que o diálogo franco entre pais e filhos é capaz de aplacar muitas dores e preocupações. É como se nossos filhos pudessem sempre saber que eles têm o porto seguro, que não serão julgados pelas suas falhas e medos, que serão acolhidos incondicionalmente. Por isso sempre te encorajei a falar, a não guardar nenhuma angústia, medo ou sofrimento que esteja passando. Que nunca julgarei, nunca te repreenderei, sempre te orientarei, ou pelo menos tentarei ser assim, né?

          E, há alguns dias, essa sementinha que plantei começou a germinar e eu transbordei de orgulho do que estamos fazendo juntos, errando e acertando, estou certa que você está se tornando uma pessoinha que só vai me dar orgulho.

           No começo desse ano letivo, numa noite como todas as que temos, onde te coloco pra dormir, lemos um livro, conversamos um pouco e fazemos nossa oração, você começa a chorar sentida, de soluçar. Tentei manter a calma, mesmo com o coração em pedaços, e quando você se acalmou, me disse que estava muito triste porque uma coleguinha havia dito que você era feia porque usava óculos e seus dentinhos eram tortos. Ouvir aquilo me deu uma vontade enorme de levantar da cama e sair gritando “QUEM FOI QUE CHAMOU MINHA PRINCESINHA DE FEIA?”, mas mantive a elegância, apesar de estar borbulhando por dentro. De imediato eu te acolhi, falei que as crianças faziam aquilo mesmo, que eram maldosas sem saber do que aquilo podia fazer e, que na verdade, só queriam te deixar irritada. Minha primeira reação foi te dizer pra se cercar dos seus coleguinhas que te fazem se sentir feliz e que jamais faça isso com seus coleguinhas, porque você mesma já estava vendo o quanto aquilo te deixava triste.

      Mas.... meu instinto de mãe ursa não sossegou e fui dormir remoendo aquele choro sentido, com o coração em pedaços. No dia seguinte, chegando na escola, como sempre faço, fui falar com a professora e discretamente falei sobre o ocorrido e do quanto você havia ficado chateada. Ela me disse que se tratava de uma colega que vinha dando trabalho com outras crianças e a situação com os pais estava meio complicada, que não davam muito ouvido para as reclamações. Comentei também que você estava meio chateada porque suas coleguinhas inseparáveis não tinham conseguido vaga à tarde, e só se encontravam no almoço, para, no período seguinte irem para caminhos opostos. Dito isto, a professora sugeriu que você mudasse então para o período matutino e alterasse para o período da tarde suas atividades extracurriculares. Topei na hora e rapidamente revertemos isso. No dia seguinte você já estava nessa nova turma e, ao te pegar na escola naquele dia, seus olhinhos brilhavam quando me disse “obrigada, mãe”. Mas, expliquei para você que não era sempre que eu iria conseguir resolver os seus problemas e que teríamos que enfrentar juntas quando fosse o caso. Você compreendeu e fez isso de uma maneira surpreendente. Pouco tempo depois, como sempre fazemos, no carro de volta para casa, você já ia tagarelando como foi o seu dia e começou a falar com uma certa frequência de um coleguinha que vinha causando um terror na sala: muito agressivo, tinha o hábito de cuspir e bater nas pessoas, inclusive na professora. Um certo dia, ao te buscar, você veio meio brava e chamou o colega apontando pra mim “essa é minha mãe, viu?”. Achei aquilo engraçado, só falei pra ele “Poxa, o que foi, fulano?”. Mas não dei muto ibope não. No carro você me explicou que ele havia te chutado e empurrado uma outra colega. Já vim com o mesmo discurso de procurar se afastar e ficar com as pessoas que te fazem bem, e blá blá blá. E ficou por aquilo mesmo, você ia me contando que ele não havia mais te perturbado e achei que havia resolvido. A professora uma vez me falou que ele estava melhorando e que ele respeitava você, que te ouvia. E, numa outra ocasião, ao te buscar, você veio com ela pra me dizer que ele queria me dar um “oi”. Achei fofo, era como se você estivesse dizendo para mim que estava tudo resolvido, que agora eram amigos. No carro eu perguntei se você havia se afastado dele como havia sugerido e você, meio sem graça, me disse que não. Disse que achou melhor ficar perto dele e ajuda-lo. Aquilo fez meu coração transbordar de orgulho, foi aí que percebi que falhei em te aconselhar a isolar uma pessoa que se comporta mal, que aquilo foi egoísta da minha parte. Você, com apenas seis anos, me mostrou que é possível sim vencer o bullying com acolhimento, não com segregação.

         E, como uma cereja no bolo, nessa semana você celebrou seus 7 aninhos na escola e a professora me mandou as suas fotos, e uma delas me alegrou ainda mais: você separou algumas sacolinhas de lembranças para as coleguinhas da tarde, que estudaram com você no ano passado. Adivinha só quem era uma delas? Sim, aquela que um dia te fez chorar de soluçar, que te machucou. E mais uma lição foi aprendida, dessa vez, eu mais do que você.

        Seus 7 anos chegaram e eu que fui a presenteada! Obrigada, filha, EU TE AMO MUITO.

sexta-feira, 25 de março de 2022

AS FÉRIAS DO REENCONTRO – PARTE 2

           Seu mano nos pegou na Vila Maria com uma surpresa: O mano Marquinhos e sua outra cunhada Taís vieram pra fazer uma surpresa!  Eu era a única que sabia de tudo, mas você e seu pai só esperava encontrá-los na semana seguinte em Olímpia, muita emoção! Já fomos direto para o Mercado Municipal, parada obrigatória nas nossas férias. Uma alegria indescritível ver os três irmãos juntos. O mais legal é ver o quanto você é ligada a eles, mesmo com a diferença de idade e não podendo ter o convívio diário que tanto faz falta.



      A noite mais um churrasco na casa da cunhada do Gabriel e você de quebra fez uma amiguinha, a fofa da Cecília, sobrinha dele. Foi tudo muito rápido, esse tempo curto que tivemos, mas foi tão gostoso! É como se enchêssemos nosso “tanque de combustível” com amor em cada parada que fazíamos. Passamos a noite na casa do seu mano do meio e fizemos uma bagunça boa com nossa “mudança” kkk

     Amanheceu e a parte chata da despedida mais uma vez veio, a Claudia e Tais ficaram e o Gabriel e Marcus nos levaram cedo para seguirmos para nossa próxima parada: Olímpia.

     Vocês não fazem ideia da alegria de poder revê-los e da gratidão por nos receber sempre tão bem! A gente sabe que dá trabalho, mas amamos vocês! Obrigada por tudo! Esperamos todos vocês em Cuiabá em breve, hein?

 

              Fizemos a primeira parada na casa do Tio Xande, pois faríamos a viagem separadamente: Você no carro com ele, Tia Bi e os primos Miguel e Murilo e, de ônibus, eu e seu pai. Depois seu irmão nos deixou na Rodoviária para embarcarmos para mais um destino.

 

           Fazia tempo que não viajava sozinha com seu pai, foi bom poder passar esse dia inteirinho com ele, ainda mais numa viagem tranquila como essa. De tempos em tempos recebíamos fotos suas no carro, uma mais engraçada que a outra. Engraçado você ser sempre boazinha quando não estamos por perto...humph!

       Chegamos à cidade de Bebedouro e o Xande foi nos buscar para finalmente seguirmos para Olímpia. Já era noite quando entramos no quarto e conseguimos desfazer as malas para 7 dias de curtição.

          Você grudou nos primos de imediato, incrível como você se conecta com os familiares mesmo não convivendo, não fica tímida nem desconfiada, isso é muito gratificante, significa que você realmente os considera primos, irmãos, tios, etc.

           


    Esse passeio rendeu vários memes (saia da Maribel), com direito até a trilha sonora “Oh Baby, me atendeeeee” e a fatídica piadinha que só tem graça quando você conta:


           Fechamos com chave de ouro nossos dias de férias, conseguimos nos desconectar totalmente, descansar e, de quebra, um bronzeado DI VI NO kkk

            Voltamos para Santo André da mesma forma, com direito a dilúvio na estação de trem, mas nada que atrapalhasse nossa aventura, só mais uma pra contar... Passamos a última noite em SP na casa do Tio Xande e Tia Bi e antes do amanhecer do último dia já estávamos no aeroporto. E, como se não bastasse, correria no saguão para não perder o voo kkk        

  Mas, chegamos sãos e salvos, gratos pela experiência e por tantos lugares e pessoas que pudemos reencontrar cheios de saúde e saudade. Foi restaurador, foi especial e uma super-carga de amor para seguirmos nossa vida aqui em Cuiabá, até o próximo encontro que, esperamos, seja em breve.

 Só temos a agradecer a todos, sem exceção, que nos receberam com tanto carinho nessa nossa passagem.  

 FOI ESPECIAL!! JÁ NA CONTAGEM REGRESSIVA PARA AS PRÓXIMAS FÉRIAS

Ah, e de quebra, atualizamos a foto de perfil do grupo da família, pois já estava bem desatualizada.

 

 

ÚLTIMO DIA COM 8 ANOS

Olá minha cocadinha, tudo bem?      Mamãe estava bem ausente, eu sei. Mas não faz ideia de quantas vezes nesses quase 12 meses eu me peguei ...